quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Subentendido


Tanta coisa deveria ser dita. Milhares de palavras guardadas. Quantas lágrimas derramadas, quanta saudade sentida, quantas lembranças revividas?
Eles se encaravam intensamente, algumas frases passavam soltas por suas mentes e tentavam escapar por entre seus lábios, porém ficavam presas em suas gargantas.
Ela, que sempre fora extremamente tagarela ao ponto de ser irritante, não sabia o que dizer e muito menos ele, que sempre fora meio anti-social.
Continuavam a se olhar.
Ela encarava os obres negros que de vez em quando pendiam para um tom mais claro, quase cinza, como naquele momento. E ele adimirava o tom avermelhado que as bochechas da garota haviam adiquirido.
Eles se olhavam sem pronunciar uma palavra siquer, se olhavam e tentavam enxergar um no outro a criança que conheceram com apenas sete anos de idade.
Haviam mudado. Ela cortara o cabelo que antes descia-lhe até a cintura e ele possuia o queixo mais largo assim como as costas, o que o deixava com um ar mais maduro. Entretanto a garota continuava sendo mais baixa que o moreno e ele continuava com aquele sorriso sarcástico característico.
-Então... oi.- ele murmurou sorrindo torto.

A garota sentiu os olhos arderem e ao retribuir o sorriso as lágrimas de emoção rolaram por seu rosto. Ela não conseguiu conter por mais tempo o sentimento de alegria que ia se expandindo por seu peito, fazendo suas pernas tremerem e então sentindo que caso não fizesse isso logo desabaria, correu, acabando com a pequena distância que os separava e pulou nos braços que ele abrira para recebê-la. 
Ela envolveu o pescoço dele com os braços e ele apertou-a contra si com força para se certificar de que aquele abraço era mesmo real e não mais um sonho. Pois ele sonhara tanto com esse reencontro que mal conseguia crer que estava de fato acontecendo. Porém a realidade era tão melhor que os seus devaneios, tão mais feliz e calorosa.
Ele girava-a no ar e ela chorava de alegria molhando a camisa social branca que o amigo vestia. Ela queria poder dizer o quanto sentira a falta dele, o quanto o amava profundamente, mas as coisas entre eles sempre foram bastante subentendidas e mesmo depois de tantos anos aquilo não parecia ter mudado. Ela o amava e sabia que era recíproco sem que ele precisasse dizer nada, estava escrito nas entre linhas.


2 comentários:

  1. ain que cute esse teu texto.
    Quem me dera estar escrito assim,nas entrelinhas
    \:

    Bjos mil pra voce flor :**

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  2. Precisa nem agradecer flor.
    Gosto á beça de ler teus textos e poemas o/

    Bjs mil :**

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