terça-feira, 30 de novembro de 2010

Carta 5

Your Dreams
[Seus sonhos]
 
Queridos, tive uma conversa sobre vocês faz pouco tempo.
“Qual o seu sonho?”
“Ué, qual dos? São tantos. Passar no vestibular, ir no show daquela banda que eu gosto, passar o natal na casa da minha vó, escrever um livro (terminar minhas fics já seria um avanço), pintar o cabelo de vermelho, rever minha irmã, conhecer minha sis de Manaus, casar com o Fernando Torres…”
Confesso que daí em diante a conversa mudou para um rumo mais decadente, mas depois fiquei me perguntando qual, de fato, seria meu sonho, o maior deles. E lembrei que, em Agosto, o dito cujo terminou comigo, e o pior é que ele havia demorado quatro anos para se realizar. É por isso que andei aborrecida com vocês, até mesmo magoada, chorei mais do que gosto de admitir. Mas quando um sonho acaba, você segue em frente e sonha outros, é isso que estou fazendo, ou pelo menos tentando.
Queridos sonhos, sei que alguns de vocês vão ser bonzinhos e se realizar logo, enquanto outros talvez demorem mais alguns anos. Nesse meio tempo vou voltar a sonhar sobre Paris e sua torre eiffel, seus prédios antigos, suas cores, seus cheiros e sabores, sobre as luzes dos Champs-Élysées e suas lojas de luxos, sobre o mau-humor dos parisienses, sobre os deliciosos macarons da Ladurée. Paris e seus preços de alugueis exorbitantes. Paris tão amada e tão odiada.
Ah, Paris, meu sonho de morar aí, por pelo menos alguns meses, ainda vai se realizar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Carta 24

 The person that gave you your favorite memory 
[quem te deu sua memória favorita]


Pai, você me deu minha memória favorita quando me levou pra assistir esse filme com você, e quando fez coisas pequenas como sentar ao meu lado e me comprar um sorvete de chocolate. 
Você me deu minha memória favorita quando comprou o primeiro livro da saga e toda noite deitava no sofá comigo para ler um capítulo pra mim.
Você me deu minha memória favorita, todo ano, quando me presenteava com um novo livro de Harry Potter.
Você me deu minha memória favorita quando terminava de ler um dos livros e deixava que eu te enxesse de perguntas "Papa, o que tu achou dessa parte?" "Papa, o tu acha que vai acontecer no próximo livro" "Papa, o que vai acontecer no final" "Papa..."
Você me deu minha memória favorita ao prometer ir assistir ao penúltimo filme comigo, no sábado, mesmo voltando de viagem na sexta-feira a noite.
Então obrigada por me apresentar e por dividir  o mundo mágico do Harry comigo.

Hello, darlings. Resolvi fazer esse meme das 30 cartas, porém não na ordem, pois o blog anda meio parado (desculpem por isso) e porque eu achei divertido :) Em breve postarei a continuação de Ophelia, embora pareça que vocês não tenham apreciado muito, pois a primeira parte só recebeu três comentários. Enfim, veremos. xoxo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ophelia

Do you know that your love is the sweetest sin?
(Você sabe que seu amor é o pecado mais doce?)


Katrina chegou à beira do lago, negro e silêncioso onde a lua pálida se refletia e observou aquela imensidão escura; o céu se confundindo com a àgua. Sentiu um ímpeto violento de mergulhar, de sentir a àgua fria congelar-lhe a pele, a alma, os sentidos.
Tirou os seus sapatos, com certa dificuldade por culpa do vestido azul, longo, tomara-que-caia e terminado em formato de cauda de sereia.
- A àgua está fria. - ele disse em inglês, porém o sotaque forte denunciava sua origem russa.
A mulher de longos cabelos castanhos ignorou as palavras do rapaz e mergulhou os pés na àgua.
- O que você bebeu? - perguntou Ivan.
- Vodka. - ela respondeu e deu alguns passos, molhando a cauda do vestido e ficando com àgua até os joelhos.
- Katrina, você está bêbada, saia dai.
Ela mandou-o ir para aquele lugar em russo e ele não pode deixar de sorrir diante da vulgaridade de suas palavras.
- O que foi, algum problema com o seu amado marido? – Ivan perguntou com escárnio, provocando-a.
Katrina virou-se encarando-o com ódio nos olhos azuis. A àgua chegava a altura de suas coxas.
Ivan ignorou os olhares furiosos da morena ao acender um cigarro, porém não fumou-o até o fim, apenas deu algumas tragadas e jogou-o no chão, apagando o que sobrou deste com o sapato.
- Agora seja razoável e saia desse lago. – pediu o rapaz, sua voz rouca quebrando o silêncio.
- Não. – ela respondeu com uma expressão irritante de menina mimada no rosto, o queixo erguido como se o desafiasse a reagir.
Ivan suspirou ruidosamente, nunca conseguiria entender os caprichos daquela mulher. Ele tirou seu terno, sua gravata e por ultimo seus sapatos e meias e mergulhou sem hesitar no lago, nadando até Katrina e emergindo rente a ela.
Observou, atentamente, as feições delicadas do rosto da moça, tentando, em vão, decifrar seus pensamentos. Depois de alguns segundos desistiu:
- Você quer falar sobre isso? – perguntou, calmamente.
Katrina balançou a cabeça negativamente.
- Eu quero…- os lábios pálidos tremeram. – Você. – essa palavra saiu da boca dela em um tom mais baixo que o normal, como se adimitir aquele desejo em voz alta deixasse-a constrangida e assustada.
Ivan respirou fundo, as mãos comichando, a mente borbulhando, porém sem esboçar nenhuma reação.
Katrina aproximou-se, incerta, posando as mãos tremulas no peito do rapaz.
- Shvibzik*. – ele murmurou, a respiração quente de Katrina contra sua pele impedia-o de ser racional. Que se dane, pensou, ao pressionar, súbitamente sua boca contra os lábios vermelhos da morena.
Ivan beijou-a euforicamente, apertando-lhe a cintura, segurando seus cabelos, murmurando palavras incoerentes em seu ouvido, mordendo-lhe os lábios e pescoço. Aquela mulher seria sua perdição, ele sabia disso e aquele ato provavelmente lhe custaria seu emprego e talvez até mesmo sua vida, entretanto não era fácil ser razóavel quanto aos seus sentimentos enquanto ela se encontrava tão próxima a ele.
*o equivalente Russo a diabinho. Consegui escrever alguma coisa *aleluia* E vai ter continuação, viu? Me animem e comentem :) Ah e me desejem sorte, sábado e domingo é o enem D: