quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A pulseira desbotada.


Vermelho-sangue, azul-marinho, amarelo-ovo em volta da minha pele bronzeada. Algumas pintinhas cor-de-chocolate. Cheiro de protetor solar. O reflexo do meu rosto nas lentes escuras dos seus óculos. Cheiro de alga.
- Amor vincit omnia. Bela frase.
- Poucas pessoas entendem.
- Porque é latim. Amor em latim é amor.
Uma camisa amarela e preta. Cheiro de amaciante. Risos e mãos dadas.
- Sua amada Roja ganhou uma estrela no peito. Contente?
- Sí. Me sinto como uma mãe orgulhosa.
Vermelho-sangue. Azul-marinho. Amarelo-ovo.
- Agora que a Copa acabou você vai tirá-la?
- Não. Eu gosto dela, vou usá-la até ela rasgar.
Vermelho-sangue. Azul-marinho. Amarelo-ovo. Pele bronzeada.
- Sabe, as cores vão desbotar e ela vai ficar feia.
- Eu não me importo. – a mania de dar de ombros.
Sol, chá gelado, grama, framboesas furtadas, o banquinho, pele, amor. Em latim. O fim do verão. Gosto de lágrimas cheiro de tempestade. Choro quente e chuva fria; choque térmico. Despedida.
- Não vamos gastar nosso latim com promessas vázias.
- Vamos simplesmente desbotar? – incredulidade.
- Sim. – tristeza conformada.
- Amor em latim é Amor.
Um mês de verão, duas pessoas, três cores. Uma frase em latim.
- É, eu sei.
Você tinha razão, as cores desbotaram. Vermelho-sangue-com-água. Azul-opaco. Amarelo-quase-branco. Pele desbotada.
Nós desbotamos, as cores também, mas a pulseira ficou.