There's still a little bit of your song in my ear
Ainda há um pouco de sua canção em meu ouvido
There's still a little bit of your words I long to hear
Ainda há um pouco de suas palavras que eu desejo ouvir
Cannonball - Damien Rice
i.
“Desculpa.” Você disse olhando pro chão,
as mãos escondidas nos bolsos da calça social.
“Desculpo.” Respondi tocando teu pulso
timidamente. Engoli em seco, forçando as palavras para o fundo da garganta e
deixei que você fosse embora. Era o começo do mês de setembro, final do verão e
o fim do seja-o-que-for que a gente tinha. (Mas eu não sabia disso) Eu deveria
ter percebido que aquilo era tua forma de dizer adeus. Com outras palavras,
outras letras, outros sons, mas no fim...foi um adeus do mesmo jeito.
ii.
“Eu preciso te falar uma coisa.” Você me
diz, em agosto do ano seguinte, com um sorriso fácil preso nos lábios, os olhos
claros brilhando.
“Eu também.” Respondo trêmula.
“Eu me apaixonei por uma menina lá em
Paris.” Você confessa num misto de orgulho e timidez.
“Oh...okay.” Gaguejo.
“E você? O que quer me dizer?”
Abro a boca para responder, para finalmente te dizer tudo...
Lembro do jeito exato como costumava
bocejar e se espreguiçar quando acabara de acordar. Das garrafas vazias de
cerveja na mesinha da tua sala. Dos lençois jogados no chão do teu quarto,
junto das nossas roupas. Da primeira vez. Da última visita. Das xícaras de café
fumegando na bancada da cozinha. Lembro da tua mão hesitando na base da minha
coluna, tocando muito levemente, como os dedos de um fantasma. Tua escuridão
tragando um pouco da minha luz. Não me esqueci da dor entre as minhas pernas ou
da ardência nos meus olhos quando você virou as costas pra mim. Dos teus dentes
nos meus lábios. Da primeira vez que te fiz rir alto. Das minhas unhas fincadas
na pele fina das tuas costas. De você dedilhando melodias tristes no violão.
Dos nossos pés frios se tocando debaixo dos cobertores. Penso na primeira vez
que te olhei intensamente e você não desviou os olhos, mesmo quando te falei
coisas sentimentais de menina. Lembro das vezes que acordei na minha cama
vazia, acompanhada somente pelo teu cheiro impregnado na fronha do meu
travesseiro. Revivo em alguns segundos tudo que aconteceu entre nós. Quem sabe da próxima vez...
Fecho a boca. Forço um sorriso.
“Hein? O que tem pra me falar?” Você
insiste, curioso.
“Oh, nada não. Esquece. Me fala dessa
menina de Paris”
T-T chateada por ela rs. Texto lindo *-* estava com saudades de ler seus dramas aqui kkk quando tem mais? :B
ResponderExcluirNossa que triste :(
ResponderExcluirAMO seus Textos!
XX,
cojuliana.blogspot.com