terça-feira, 9 de abril de 2013

Waldo hats and oversized sweaters




Eu deitei nas tuas costas, e contei cada sarda que existe entre tuas omoplatas, passei os dedos pelas tuas tatuagens, pronuncei as palavras em inglês com um sotaque engraçado e você abafou uma risada no travesseiro. Decorei cada cicatriz e cada história por trás delas. “Isso foi quando tive a boa ideia de tentar socar alguém enquanto ainda segurava uma garrafa de cerveja.” você me disse, após andarmos de mãos dadas pela primeira vez e eu ter notado a cicatriz na palma da sua mão. Eu vesti todos os teus suéters de lã, porque eles eram grandes o suficientes para esconder e aquecer minhas mãos nas mangas longas sem precisar de luvas. Você passou a usar minha boina de lã vermelha e branca e não se supreendeu quando todo mundo começou a te chamar de Waldo. E sem sequer notar acabei criando raízes dentro de você e elas expandiram-se entre tuas costelas com cada beijo contra um joelho dolorido, cada música cantarolada no pé do ouvido as duas e vinte e oito da manhã, com cada suspiro, cada toque de mãos pronlongado para aquecer dedos dormentes pelo frio, cada sorriso que cria ruginhas no canto dos teus olhos. Eu que sempre fui sem patria, sem casa, sem nada, passei a te chamar de lar. Você enrola os braços na minha cintura e solto um suspiro de alívio, ah como é bom estar em casa, os pensamentos se silenciam, cada músculo contraido finalmente relaxa e por alguns segundos fico completamente serena. Eu bato o pé no chão, e cerro os dentes, digo que te amo há alguns meses, mas acho que venho te amando desde o dia que nos conhecemos, desde o primeiro apelido idiota. Te amei antes da cicatriz ridícula em tua sobrancelha e depois da primeira risada exagerada. Te amei durante tua fase punk, te amei quando você roubou as chaves do carro do meu melhor amigo e sugeriu que fugissemos pro sul da França. Te amei depois de um domingo na cama bebendo chá quente, ouvindo a chuva batendo contra as janelas. Te amei antes, durante e depois.

2 comentários:

  1. Lindo!
    Ahh, como eu preciso de um lar...

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  2. Esse teu texto lotou minha cabeça de lembranças, de identificação e meu coração abraçou tuas palavras, sabia?

    Eu tô encantada com esse texto, porque as palavras fluíram de uma forma naturalmente bonita. É tão íntimo, tão abrasador.

    Beijos, flor s2

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