sábado, 14 de abril de 2012

And then roll over and die



É inverno então ela deixou o cabelo crescer e te ensinou tudo sobre lâminas afiadas e o peso delas na palma da sua mão, o jeito certo de jogá-las. Ela é uma coisinha pequena e cheia de sorrisos cruéis então você ensina ela a derrubar pessoas com o dobro do peso e do tamanho dela.
- Não pegue leve comigo. Me acerte. - ela comanda.
- Ainda não. - você acha a impaciência dela divertida e quase não consegue conter a vontade de quebrar cada osso do corpo dela. Rasgar cada nervo com uma faca. Destruí-la com as mãos nuas. Mas ainda não.
O tempo passou rápido e ela sente que está correndo em círculos, e essa sensação ruim de estar presa e não ter como escapar não quer deixá-la em paz. Ela deita no chão, enjoada, doente e louca, as mãos na cabeça, os olhos fechados com força.
- Dói. - ela sussurra e você poderia enfiar uma faca no coração dela e acabar com todo esse sofrimento. Mas ainda não. Então você fala sobre lembranças borradas de areia molhada entre os dedos do seus pés e o vento acariciando suas omoplatas. Não que você se importe, mas você precisa dela e não pode deixar que ela enlouqueça completamente. Não pode deixar que ela morra, e se ela morrer vai ser porque você está apertando o pescoço dela. O último suspiro dela te pertence.
Ela nunca pede sua ajuda então quando você a escuta gritando seu nome, desesperada, você corre e corre e corre, mesmo sabendo que não vai dar tempo.
Quando você finalmente a alcança e cai de joelhos ao lado dela, é tarde demais. Você a segura, pela primeira vez delicadamente em seus braços, e você pede que ela fique com você. Não que você se importe, mas você precisa dela. Ela consegue sussurrar o seu nome e dói mais do que ouvir os gritos de alguns minutos atrás. Ainda não, ainda não, ainda não, você suplica, o corpo todo doendo. Ela suspira pela última vez e você a segura mais forte, aquela coisinha pequena e sem vida, e você soluça com o rosto afundado no cabelo dela.
Depois é sua vez de morrer com ossos quebrados e nervos rasgados, e antes de ir você consegue ouvir a voz dela chamando o seu nome, porém não é doloroso como gritos ou sussurros, e ela te fala sobre a sensação da areia molhada debaixo dos pés e do vento salgado bagunçando seus cabelos.
É verão então ela te chama sorrindo de um jeito sabido, estendendo a mão em sua direção:
- Vem.
E você vai.

3 comentários:

  1. T_T chorei, muito lindo...

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  2. Amei! Romy eu simplismente me apixonei pelo seu blog e pelo seu jeito de escrever! Estou e seguindo já!você tem banner de link-me?
    Beijos flor!

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  3. pq tu me abriga a ler teus textos?!?!
    So para me fazer chorar litros por dentro?
    Sua malvada!!!!!

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